Cólicas em Bebês: Causas, Tratamentos e Dicas para Aliviar

Cólicas em Bebês: Causas, Tratamentos e Dicas para Aliviar

As cólicas em bebês são uma das preocupações mais comuns entre pais de recém-nascidos, especialmente para aqueles de primeira viagem. O choro inconsolável, as pernas flexionadas e a barriga endurecida podem ser angustiantes, deixando os pais ansiosos por soluções. Felizmente, as cólicas são uma condição temporária, geralmente associada à imaturidade do sistema digestivo do bebê, e existem estratégias eficazes para aliviar o desconforto, como massagens, compressas mornas e ajustes na alimentação. Este artigo, baseado em recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e fontes confiáveis, explora as causas das cólicas, tratamentos recomendados, técnicas práticas para alívio e quando é hora de buscar ajuda médica.

O que são Cólicas em Bebês?

Cólicas em bebês são episódios de choro intenso e prolongado, geralmente acompanhados de sinais de desconforto abdominal, como barriga endurecida, flexão das pernas e liberação de gases. Elas afetam cerca de 20-25% dos recém-nascidos, sendo mais comuns entre a 2ª e a 6ª semana de vida, com pico por volta das 6 semanas, e tendem a desaparecer entre o 3º e 4º mês. A chamada “regra dos três”, proposta pelo pediatra Morris Wessel, define cólicas como choro que dura mais de 3 horas por dia, 3 dias por semana, por pelo menos 3 semanas, em um bebê saudável.

Embora sejam benignas e não causem danos permanentes, as cólicas podem ser exaustivas para os pais, que muitas vezes se sentem impotentes diante do sofrimento do bebê. Compreender suas causas e aprender técnicas de alívio é essencial para enfrentar esse período com mais confiança.

Causas das Cólicas em Bebês

As cólicas resultam de uma combinação de fatores, sendo a imaturidade do sistema digestivo a principal causa. Outros elementos também podem contribuir, incluindo:

  • Imaturidade do sistema digestivo: O intestino do recém-nascido ainda está se adaptando à digestão do leite, o que pode causar contrações intestinais dolorosas e acúmulo de gases.
  • Ingestão de ar durante a amamentação: Bebês que mamam muito rápido ou em posições inadequadas podem engolir ar, levando à formação de gases e desconforto.
  • Desequilíbrio da microbiota intestinal: A flora intestinal do bebê, ainda em formação, pode estar desbalanceada, contribuindo para a produção de gases. Estudos recentes sugerem que probióticos específicos podem ajudar a equilibrar a microbiota.
  • Intolerâncias alimentares: Em bebês alimentados com fórmula, certos componentes, como lactose, podem causar desconforto. Para bebês amamentados, alimentos na dieta da mãe, como leite de vaca, brócolis ou cafeína, podem estar associados às cólicas, embora isso varie de caso a caso.
  • Estresse ou superestimulação: Ambientes barulhentos, excesso de luz ou mudanças na rotina podem aumentar a irritabilidade do bebê, intensificando as cólicas.
  • Fatores emocionais: O estresse dos pais pode ser percebido pelo bebê, criando um ciclo de ansiedade que agrava o choro.

Embora as causas exatas ainda não sejam totalmente compreendidas, a combinação desses fatores explica por que as cólicas são mais frequentes no final da tarde ou à noite, período conhecido como “hora da bruxa”.

Como Identificar Cólicas em Bebês?

Reconhecer os sinais de cólica é o primeiro passo para oferecer alívio. Os principais sintomas incluem:

  • Choro agudo e inconsolável: Diferente do choro de fome ou sono, o choro de cólica é estridente, com duração de horas, e não cede facilmente a consolos habituais.
  • Barriga endurecida: O abdômen pode parecer tenso ao toque, devido ao acúmulo de gases.
  • Flexão das pernas: O bebê puxa as pernas em direção ao abdômen, como se estivesse tentando aliviar a dor.
  • Vermelhidão facial: O rosto pode ficar vermelho durante as crises, acompanhado de punhos cerrados.
  • Eliminação de gases ou fezes: Algumas crises melhoram após o bebê liberar gases ou evacuar.

As cólicas geralmente ocorrem em bebês saudáveis, que ganham peso normalmente e não apresentam outros sintomas preocupantes. No entanto, se o choro vier acompanhado de febre, vômitos, diarreia, sangue nas fezes ou recusa alimentar, é crucial buscar ajuda médica, pois esses sinais podem indicar outras condições, como infecções ou obstruções intestinais.

Tratamentos e Dicas para Aliviar Cólicas

Embora não exista uma cura definitiva para as cólicas, várias estratégias podem aliviar o desconforto e acalmar o bebê. Abaixo, detalhamos as principais técnicas, incluindo massagens, compressas mornas e outras abordagens recomendadas.

1. Massagens Abdominais

Massagens são uma das formas mais eficazes e naturais de aliviar cólicas, pois estimulam a liberação de gases e relaxam os músculos abdominais.

  • Como fazer:
    • Escolha um ambiente calmo, com pouca luz e sem barulho, como o quarto do bebê, e use uma superfície confortável, como a cama.
    • Aqueça as mãos e aplique um óleo hipoalergênico, como óleo de amêndoas ou bétula, previamente liberado pelo pediatra.
    • Faça movimentos circulares suaves no abdômen, no sentido horário, ao redor do umbigo, aplicando uma leve pressão para estimular a eliminação de gases.
    • Outra técnica é flexionar suavemente as pernas do bebê em direção ao abdômen ou fazer movimentos de “bicicleta”, como se ele estivesse pedalando.
    • Comece com sessões de 5 a 10 minutos, 1 a 2 vezes por dia, de preferência antes das crises habituais (ex.: final da tarde).
  • Benefícios: Além de aliviar gases, as massagens promovem relaxamento, melhoram a digestão e fortalecem o vínculo entre pais e bebê.

Dica: Mantenha a calma durante a massagem para transmitir tranquilidade ao bebê. Evite forçar os movimentos se ele estiver muito agitado.

2. Compressas Mornas

O calor é um aliado poderoso no alívio das cólicas, pois promove vasodilatação, relaxa os músculos e facilita a eliminação de gases.

  • Como aplicar:
    • Aqueça uma fralda de tecido com um ferro de passar ou no micro-ondas (certifique-se de que esteja morna, não quente, testando na parte interna do pulso).
    • Coloque a fralda sobre a barriga do bebê, cobrindo o abdômen, por 5 a 10 minutos.
    • Alternativamente, use uma bolsa térmica natural para bebês, como a Bolsa Térmica Natural Mercur, desenvolvida para recém-nascidos, mantendo a temperatura entre 36°C e 37°C.
  • Cuidados:
    • Sempre teste a temperatura para evitar queimaduras na pele sensível do bebê.
    • Não aplique a compressa por mais de 15 minutos seguidos e evite usá-la durante o sono.
  • Benefícios: O calor reduz a tensão muscular e alivia a dor, sendo especialmente eficaz durante crises intensas.

3. Banho Morno

Um banho morno pode ser relaxante e ajudar a aliviar as cólicas, especialmente quando combinado com massagens.

  • Como fazer:
    • Prepare a banheira com água entre 36°C e 37°C, verificando a temperatura com um termômetro ou o antebraço.
    • Use um sabonete líquido hipoalergênico, como o Johnson’s de Glicerina, para evitar irritações.
    • Mantenha o banho por 10 a 15 minutos, segurando o bebê com firmeza e cantando ou conversando para promover relaxamento.
    • Após o banho, enrole o bebê em uma toalha macia ou manta para manter o calor.
  • Benefícios: A água morna relaxa os músculos abdominais, reduz a agitação e pode melhorar o sono do bebê.

4. Posições para Aliviar Gases

Certas posições ajudam a liberar gases e reduzir o desconforto:

  • Posição de bruços no antebraço: Deite o bebê de bruços sobre o antebraço, com a cabeça apoiada na palma da mão, e faça movimentos circulares suaves nas costas. A pressão na barriga facilita a eliminação de gases.
  • Colo com contato pele a pele: Coloque o bebê contra o peito, com a barriga em contato com a pele dos pais, para transmitir calor e conforto.
  • Amamentação inclinada: Durante a amamentação, mantenha o bebê em um ângulo de 30 a 45 graus para reduzir a ingestão de ar. Certifique-se de que ele arrote após cada mamada.

5. Ajustes na Alimentação

  • Para bebês amamentados: A mãe pode tentar reduzir alimentos que causam gases, como leite de vaca, brócolis, couve ou cafeína, por 1 a 2 semanas, observando se há melhora. Chás de camomila ou funcho, consumidos pela mãe, podem passar pelo leite e aliviar as cólicas, mas devem ser usados com orientação médica.
  • Para bebês com fórmula: Consulte o pediatra sobre fórmulas com probióticos ou hipoalergênicas, que podem reduzir o desconforto. Nunca troque a fórmula sem orientação profissional.
  • Evitar ar durante a mamada: Verifique a pega correta no peito ou a posição da mamadeira para minimizar a ingestão de ar.

6. Uso de Medicamentos e Probióticos

  • Medicamentos: Antiflatulentos, como simeticona (ex.: Luftal Infantil), ou antiespasmódicos, como Buscopan Pediátrico, podem ser prescritos pelo pediatra para aliviar gases e espasmos intestinais. A simeticona é segura, pois não é absorvida pelo organismo, mas deve ser usada sob orientação.
  • Probióticos: Estudos recentes indicam que probióticos específicos, como Lactobacillus reuteri, podem reduzir a intensidade das cólicas em bebês menores de 6 meses, especialmente aqueles amamentados. Consulte o pediatra antes de iniciar.

Aviso: Nunca administre medicamentos, chás ou remédios caseiros sem a recomendação de um pediatra, pois alguns podem ser prejudiciais ao bebê.

7. Técnicas de Relaxamento

  • Ruído branco: Sons como ventilador, secador de cabelo ou aplicativos de ruído branco acalmam o bebê, remetendo aos sons intrauterinos.
  • Ambiente tranquilo: Reduza luzes, barulhos e visitas durante as crises para evitar superestimulação.
  • Colo e embalo: Embalar o bebê suavemente no colo ou em uma cadeira de balanço pode reduzir a agitação.

Quando Buscar Ajuda Médica?

Embora as cólicas sejam normais, certos sinais indicam a necessidade de avaliação médica imediata:

  • Choro persistente por mais de 3 horas, mesmo após tentativas de alívio.
  • Febre (temperatura acima de 37,5°C em bebês menores de 3 meses).
  • Vômitos repetidos, diarreia ou sangue nas fezes.
  • Recusa alimentar por várias mamadas consecutivas.
  • Perda de peso ou dificuldade para ganhar peso.
  • Lábios ou pele azulada durante o choro.
  • Letargia, fraqueza ou dificuldade respiratória.

Esses sintomas podem indicar condições mais graves, como infecções gastrointestinais, obstrução intestinal ou intolerâncias alimentares, exigindo diagnóstico e tratamento médico.

A Importância da Rede de Apoio

Cuidar de um bebê com cólicas pode ser emocionalmente desgastante, especialmente para pais de primeira viagem. A rede de apoio – familiares, amigos ou profissionais – desempenha um papel crucial:

  • Divisão de tarefas: Um familiar pode assumir o cuidado do bebê por algumas horas, permitindo que os pais descansem.
  • Apoio emocional: Conversar com outros pais em grupos de apoio, presenciais ou online, ajuda a aliviar a sensação de isolamento.
  • Consulta com profissionais: Pediatras, enfermeiros pediátricos ou consultores de amamentação podem oferecer orientações personalizadas.

No Brasil, o SUS oferece acompanhamento em Unidades Básicas de Saúde, com profissionais capacitados para orientar sobre cólicas e outros desafios do puerpério. Participar de rodas de conversa ou buscar apoio em ONGs também é uma ótima forma de compartilhar experiências.

Depoimento Inspirador

Mariana, mãe de Pedro, compartilhou: “As cólicas do meu filho eram tão intensas que eu achava que estava fazendo algo errado. Aprendi a fazer massagens circulares e a usar compressas mornas com a ajuda da pediatra, e isso mudou tudo. O banho morno também virou nosso ritual para acalmá-lo. Com o tempo, as crises diminuíram, e hoje sei que paciência e apoio fizeram toda a diferença.” Histórias como a de Mariana mostram que, com as estratégias certas, é possível superar esse período desafiador.

Conclusão

As cólicas em bebês, embora angustiantes, são uma fase temporária que reflete a adaptação do sistema digestivo do recém-nascido. Causadas principalmente pela imaturidade intestinal, ingestão de ar ou desequilíbrio da microbiota, elas podem ser aliviadas com técnicas como massagens abdominais, compressas mornas, banhos mornos e ajustes na alimentação. É essencial que os pais mantenham a calma, busquem apoio na rede de familiares ou profissionais e consultem o pediatra em caso de sintomas preocupantes, como febre ou vômitos. Com paciência e as estratégias certas, as cólicas logo se tornam apenas uma lembrança, dando lugar a momentos de conexão e alegria com o bebê. Confie no seu instinto, informe-se e saiba que você não está sozinho nessa jornada!

Fontes:

  • Sociedade Brasileira de Pediatria (www.sbp.com.br) para diretrizes.
  • Ministério da Saúde (www.gov.br/saude) para informações sobre cuidados neonatais.

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